sexta-feira, 5 de abril de 2013

Governo do Justo


Conflitos entre interesses discordantes não são uma novidade na história humana. É da nossa natureza nos apegarmos a alguma causa, uma causa que corresponde à nossa visão de mundo de uma maneira geral. Uma vez agarrados a esta causa, torna-se quase que uma missão desacreditar qualquer um que se apegue a uma causa imediatamente contrária e oposta à causa que você segue. É então que saímos do campo das idéias e passamos ao campo da militância.
O caso mais recente parece ser também o caso que mexeu mais profundamente com a opinião pública, que é a indignação de muitas pessoas contra o atual presidente da Comissão de Direitos Humanos, o deputado e também pastor Marco Feliciano, pelas suas declarações polêmicas. Algumas delas, supostamente seriam homofóbicas e racistas.
A ascensão de Feliciano a este nível de poder levantou muitas questões e mesmo no meio evangélico, onde teoricamente o deputado pastor deveria receber total apoio, as opiniões sobre tais questões estão divididas. A principal delas não é nada nova: “A igreja e o Estado podem se misturar?”
É com foco nisso que eu gostaria de convidá-lo a meditar sobre o versículo a seguir:

Quando os justos governam, alegra-se o povo; mas quando o ímpio domina, o povo geme.
(Provérbios 29:2)

Este versículo tem sido uma das principais chaves usadas por aqueles que defendem que cristãos devem buscar obter posições de liderança, principalmente sobre as estruturas seculares, afinal, o mundo jaz no maligno e portanto, um homem de princípios deve ser o mais qualificado, a fim de amenizar a falta ou a inversão de princípios que hoje governa sobre a sociedade.
Realmente, não é difícil de imaginar que uma pessoa de bom caráter, quando estabelecida em poder de governo, alegrará muito mais ao povo do que uma pessoa de mau caráter. Não precisa ser cristão para acompanhar tal raciocínio.
Porém, é necessário resgatar o poder das palavras, o que só é possível através da valorização de seu verdadeiro significado e sua posição dentro de um contexto. Sendo assim, vamos iniciar resgatando a palavra “cristão”. Cristão é todo aquele que professa o cristianismo como religião ou estilo de vida. Em outras palavras, cristão é todo aquele que diz que crê em Jesus Cristo como Senhor.
O interessante de se analisar desta forma é que o próprio Jesus sabia que haveria um dia em que o mundo estaria cheio de cristãos. Ele sabia também que muitos cristãos não seriam justos e advertiu seus discípulos quanto a isso:

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas?
E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.
(Mateus 7:21-23)

Portanto, de acordo com a advertência do próprio Jesus, colocar uma pessoa cristã no poder não é necessariamente fazer com que o justo governe como diz Provérbios 29:2. Sendo assim, quem é que pode ser esse justo, mencionado em  Provérbios? Para responder a esta pergunta, vamos também resgatar o significado da palavra “justo”.  Justo é aquele que age de forma íntegra, imparcial, reta. O justo é uma pessoa incapaz de ser influenciada em seus julgamentos e em suas atitudes. Ele não se contamina, não se corrompe, não é tendencioso. Quem na Terra é assim? O apóstolo Paulo é quem nos responde:

“Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.
Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus.
Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.
(Romanos 3:10-12)

Não há ninguém, absolutamente ninguém que seja justo! Absolutamente todo ser humano, por melhor que seja o seu caráter, é corrompido pela sua natureza pecaminosa e sempre irá pender para o mal; o mal do seu egoísmo, dos seus interesses ou simplesmente da falta de amor pelo próximo, por Deus ou por si mesmo.
Mas será que isso prova que não há esperança? Se o povo só se alegra quando o governo do justo se estabelece, mas não há justo, o nosso destino é gemer para sempre sob o governo dos ímpios? Isso seria uma verdade, se Deus não se importasse tanto conosco. Felizmente, o próprio Jesus nos revela quem é o justo que poderá governar sobre nós:

“E perguntou-lhe um certo príncipe, dizendo: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?
Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus.
(Lucas 18:18-19, com relatos paralelos em Mateus 19:16-17 e Marcos 10:17-18)

“Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto.
(Isaías 9:7)

Dizei entre os gentios que o SENHOR reina. O mundo também se firmará para que se não abale; julgará os povos com retidão.
(Salmos 96:10)

É nessa hora que muitos não entendem: em uma democracia, fundamentada em um estado laico, como faremos para que o próprio Deus governe? Aí é que está o grande segredo, escondido cuidadosamente nas palavras de Jesus:

Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os que julgam ser príncipes dos gentios, deles se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre elas;
Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será vosso serviçal;
E qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos.
Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.
(Marcos 10:42-45)

O Governo do Justo não se estabelece nos palácios, câmaras e senados, mas sim no povo, especialmente quando se trata de uma democracia. A cultura de um governo está diretamente ligada à cultura do seu povo. No Brasil, por exemplo, não é preciso ser um cristão, nem mesmo um sociólogo para perceber que a corrupção e a má administração públicas acontecem, em grande parte, por conta do desinteresse e até alienação do povo na política.
Agora, imagine um povo que, em lugar de cultuar a imoralidade sexual, a desonestidade e as celebridades, cultuam ao Deus de paz, justiça e amor! Imagine um povo que vai às urnas consciente de que o lugar onde vivem lhes foi confiado por Deus e que, por isso, devem fazer o seu melhor para cuidar bem dele! Imagine um povo que vigia os próprios princípios.
O verdadeiro Governo do Justo começa pelo evangelismo que seja puro e baseado em amor, não em interesses.

Parando para analisar assim, nós, como igreja, se desejamos estabelecer o único governo que pode ser justo, precisamos direcionar menos foco nos cristãos que ocupam os lugares altos e mais foco na nossa participação no evangelho, no único reino que, uma vez estabelecido, jamais passará.
Não creio que seja errado que um cristão se interesse em ingressar na carreira política, desde que ele tenha a consciência de que, enquanto político ele está executando um trabalho, assim como o pedreiro, o advogado ou o médico; observando princípios como o que está descrito em Efésios 6:

Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo;
Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus;
Servindo de boa vontade como ao Senhor, e não como aos homens.
(Efésios 6:5-7)

Eu poderia ser pastor na minha igreja; se eu trabalhasse com vendas, no momento que eu colocasse o pé na empresa, eu seria vendedor.
Enfim, um grande erro do Feliciano e de tantos pastores políticos como ele, foi não saber separar devidamente suas funções. Quanto a nós, que somos crentes mas temos um dever cívico, devemos vigiar para que saibamos a hora de simplesmente sermos cidadãos.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Ceifeiros


“Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo.
Porque está escrito: Como eu vivo, diz o Senhor, que todo o joelho se dobrará a mim, E toda a língua confessará a Deus.
De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.
Romanos 14:10-12

Uma coisa que eu acho muito interessante no evangelho é que a bíblia não simplesmente fala de uma nova vida como um conceito abstrato, como quando uma pessoa passa por uma experiência de quase morrer e diz que nasceu de novo. A bíblia tem toda uma linguagem não só de novo nascimento, mas também de nova infância e novo amadurecimento.
Em sua primeira carta à igreja de Corinto, o apóstolo Paulo exorta os coríntios como meninos em Cristo e ainda estabelece um paralelo entre a infância e o alimento que os bebês consomem, ou seja, leite.

Porém, o que realmente me chama a atenção é: Paulo determinou o nível de maturidade espiritual de seus filhos na fé. E o critério que ele utilizou foi bastante simples: atitudes.
Por que os coríntios eram meninos de Cristo, não homens? Será que eles não tinham experiências com o Espírito Santo? Pelo contrário! Por diversas vezes, ainda nessa epístola, Paulo se viu obrigado a orientá-los ao correto uso dos dons espirituais; o que quer dizer que eles existiam e que sim, vinham de Deus. Será que os coríntios não sabiam orar, ou será que não conheciam as escrituras? Pelo contrário, os últimos versículos de I Coríntios denunciam que Corinto era bem suprida de instrutores e mestres.
Então, qual era a causa da imaturidade dos coríntios? A resposta está a seguir:

“E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo.
Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis,
Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?
Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais?
1 Coríntios 3:1-4

Repare a problemática exposta pelo apóstolo: ele não falava de facções entre cristãos e adoradores pagãos, não falava de contendas entre santos e pecadores; ele falava de facções, contendas e até invejas ENTRE CRISTÃOS.
Nem Paulo, nem Apolo estão entre nós hoje, mas será que deixaram de existir os “cristãos de Paulo” e os “cristãos de Apolo?
Neste ano, ao meditar na Palavra, me deparei com Romanos 14 e ao ler não só os versículos que destaquei no início do estudo, mas o capítulo inteiro, Deus cravou profundamente em meu espírito a pergunta: “O que VOCÊ está fazendo para mudar o que está errado?”
É aqui que as passagens de Coríntios e de Romanos se encontram. Eu andei analisando minhas palavras e atitudes quando o assunto é o Reino de Deus e percebi que, junto com milhares – se não milhões – de outros cristãos, tenho me escondido sob a bandeira de uma falsa exortação.

E qual seria a diferença entre falsa exortação e exortação verdadeira? A resposta é: o objetivo. A bíblia está cheia de exemplos de boas exortações: os profetas exortavam o povo de Israel para que se quebrasse a idolatria e a dureza de coração deles, Jesus exortava seus discípulos para que vivessem pela fé e pela graça, não segundo o legalismo e muito menos segundo o pecado. Aos sacerdotes, Jesus exortava a fim de que eles reconhecessem o grande desserviço espiritual que prestavam ao povo de Deus, para que, se arrependendo, pastoreassem diligentemente o rebanho do Senhor. Paulo exortava os seus filhos na fé e as igrejas que fundara ou ajudara a fundar, a fim de que eles não desviassem sua doutrina para as invenções doutrinárias de falsos pregadores. Paulo chegou até mesmo a exortar o apóstolo Pedro, pois estava agindo de acordo com interesses sociais, em detrimento ao amor cristão. Por fim, até mesmo o Deus Pai traz a sua última e derradeira exortação em Apocalipse, para que a humanidade se arrependa de uma vez por todas, e essa exortação vem em forma de tribulação:

“E o quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe permitido que abrasasse os homens com fogo.
E os homens foram abrasados com grandes calores, e blasfemaram o nome de Deus, que tem poder sobre estas pragas; e não se arrependeram para lhe darem glória.
E o quinto anjo derramou a sua taça sobre o trono da besta, e o seu reino se fez tenebroso; e eles mordiam as suas línguas de dor.
E por causa das suas dores, e por causa das suas chagas, blasfemaram do Deus do céu; e não se arrependeram das suas obras.
E o sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates; e a sua água secou-se, para que se preparasse o caminho dos reis do oriente.
E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta vi sair três espíritos imundos, semelhantes a rãs.
Porque são espíritos de demônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis da terra e de todo o mundo, para os congregar para a batalha, naquele grande dia do Deus Todo-Poderoso.
Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas roupas, para que não ande nu, e não se vejam as suas vergonhas.
E os congregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom.
E o sétimo anjo derramou a sua taça no ar, e saiu grande voz do templo do céu, do trono, dizendo: Está feito.
E houve vozes, e trovões, e relâmpagos, e um grande terremoto, como nunca tinha havido desde que há homens sobre a terra; tal foi este tão grande terremoto.
E a grande cidade fendeu-se em três partes, e as cidades das nações caíram; e da grande babilônia se lembrou Deus, para lhe dar o cálice do vinho da indignação da sua ira.
E toda a ilha fugiu; e os montes não se acharam.
E sobre os homens caiu do céu uma grande saraiva, pedras do peso de um talento; e os homens blasfemaram de Deus por causa da praga da saraiva; porque a sua praga era mui grande 
Apocalipse 16:8-21

Por piores e mais violentas que sejam, as exortações de Deus e de Seus servos, sempre tem o objetivo comum de levar o pecador ao arrependimento, para que se salve. A salvação eterna não só compensa todos os possíveis danos causados durante o período de exortação, como os recompensa de uma maneira muitas vezes superior ao que julgamos merecer (visto que não somos verdadeiramente merecedores de nada).

Porém existe uma falsa exortação. Ela nasce sob a forma de exortação, mas não passa de uma murmuração. Como eu disse, a diferença está no objetivo. Todas as exortações que citei anteriormente foram feitas por amor, para que o povo de Deus não perecesse no pecado. Mas a tendência que eu vejo hoje, principalmente nas redes sociais, são cristãos que falam como se fossem os profetas do Velho Testamento, exortando o povo de Deus, mas o fazem para iniciar contendas, facções e discussões intermináveis que em nada edificam. A mensagem que passam em nada diferem das famosas imagens dizendo o que é bonito e o que não é; o que é um estilo decente de roupa e o que não é. Enfim, ao invés de sentirem a tristeza do coração de Deus ao ver um irmão se desviando para o caminho do pecado e/ou falsa doutrina, simplesmente mostram de uma forma soberba e religiosa qual a opinião deles, sem nada fazer pela santificação de seus leitores.
Quando confrontado a respeito das minhas atitudes, tomei uma decisão: meu papel não é denunciar as mazelas existentes nas igrejas ou nas teologias vigentes, mas buscar a minha própria santificação para que eu aprenda plenamente a sã doutrina e, amadurecendo na fé, eu a possa ensinar àqueles que ainda não tem o mínimo conhecimento de Cristo e estão mortos em seus pecados e transgressões.
Talvez, você esteja lendo este texto e se perguntando se não estou fazendo justamente o que acabo de criticar. Mas com minha consciência tranquila, posso afirmar que não. Pois se você, meu caro leitor, entender que não há tempo para atacar as ovelhas que estão sendo – bem ou mal – pastoreadas porque temos muitas ovelhas ainda perdidas nas mãos do inimigo, sei que você fará o seu melhor para salvar o seu próximo e assim creio, que ainda que de uma maneira modesta e não tão efetiva, posso estar contribuindo para que alguém não morra sem conhecer a graça e o amor de nosso Deus. Vou fazer a minha parte, estou certo de que Deus te chama para fazer a sua.

Shalom!

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Compromisso de fé


E logo ordenou Jesus que os seus discípulos entrassem no barco, e fossem adiante para o outro lado, enquanto despedia a multidão.
E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só.
E o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário;
Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, andando por cima do mar.
E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo.
Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu, não temais.
E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas.
E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus.
Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me!
E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?
E, quando subiram para o barco, acalmou o vento.
Então aproximaram-se os que estavam no barco, e adoraram-no, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus.

Mateus 14:22-34

Os evangelhos sempre nos trazem belos exemplos da conduta de Jesus como nosso modelo de vida, mas hoje, quero chamar a atenção não para a conduta de Jesus, mas para a de seus discípulos, em especial, Pedro, pois essa passagem é um referencial da fé que devemos ter.
A primeira coisa que podemos reparar é que mesmo antes dos discípulos verem Jesus andando sobre as águas, já existia naquele barco um clima de medo, pois eles navegavam com ventos contrários e eram constantemente açoitados pelas ondas. Não é necessário ser bom entendedor de navegação para saber que um descuido poderia leva-los ao naufrágio. Logo depois, eles presenciam uma cena completamente sobrenatural: alguém andava sobre as águas. Para que eles não reconhecessem que se tratava de Jesus, e imaginassem ser um fantasma, a probabilidade era que Jesus estivesse longe.
Tudo o que Jesus fez e faz até os dias de hoje tem um propósito pré-definido. Podemos ver nas escrituras que Ele não era dado a demonstrações vulgares de poder quando Ele se recusa a ceder às tentações de Satanás e também quando se recusa a dar um sinal dos céus aos fariseus. Sendo assim, não só o andar sobre as águas tinha um propósito, como também as circunstâncias em que Jesus realizou este feito eram para ensinar a eles e a nós algo que deve sempre fazer a diferença na nossa vida cristã:
A fé sempre vai ser necessária quando as circunstâncias dão medo.
Logo depois que Jesus presencia o medo e a superstição de seus discípulos, Ele procura confortá-los, ainda à distância, dizendo que era Ele que estava indo ao encontro dos discípulos. Certamente, quando Ele falou, todos os seus discípulos reconheceram a sua voz, porém, amedrontados, a inércia de todos mostrou algo: mesmo ouvindo a voz do mestre, a postura de todos era de incredulidade. Na superstição que existia na época, principalmente relacionada ao medo que o mar inspirava nos judeus, era mais fácil acreditar que um fantasma seria capaz de simular a voz de Jesus do que aquela pessoa sobre as águas efetivamente ser o mestre. Isso nos ensina outra importante lição:
A crença em mentiras está sempre aliada ao perigo das circunstâncias para anular a fé.
Então, é nesse momento que Pedro decide quebrar a inércia. Pedro decide romper com o medo, com as circunstâncias e com suas crendices e usa o conhecimento que ele tinha de Jesus para prova-lo. Pedro conhecia a Jesus suficientemente bem para saber que Ele era poderoso o suficiente para permitir que os discípulos fizessem milagres como Ele e para saber também que Jesus nunca iria tomar nenhuma decisão que anulasse ou reduzisse a fé de qualquer pessoa. Sendo assim, Ele lança a prova: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas.” E Jesus, provando-se ser quem era, responde: “Vem.”
Este ponto não só é o clímax dessa passagem, como também é a parte onde podemos extrair a maior parte de seus ensinamentos. Primeiramente, repare que, para que Pedro provasse a Jesus, era necessário que ele não tivesse plena certeza de que era mesmo Ele quem se aproximava, portanto a palavra “se” não tem apenas conotação de teste, mas também de dúvida. Ninguém testa nada do que se tem certeza. Portanto, aprendemos:
Romper com o medo, a incredulidade, as circunstâncias e as falsas crenças ainda pode deixar espaço para a dúvida razoável.
Além disso, Pedro não desafiou Jesus por não acreditar que Jesus poderia andar sobre as águas, tanto que é isto o que seu desafio denuncia: “SE és tu”, ou seja, sendo ele Jesus, o mestre, o Messias, “manda-me ir ter contigo por cima das águas”. Em outras palavras: “Jesus pode me fazer andar por cima das águas”. Isso nos ensina uma lição que a cada dia se faz mais valorosa:
O verdadeiro Jesus e o verdadeiro evangelho tem características únicas, que nenhum falso Messias nem um falso evangelho podem imitar. Conhecer a natureza de ambos abre acesso para o pleno exercício da fé e nos livra das enganações do diabo.
A resposta de Jesus ao desafio de Pedro foi simplesmente: “Vem.” E nesta simples resposta, aprendemos também:
Quando você expressa sua fé, Deus te chama a tomar uma atitude que torna a sua fé válida, pois a fé sem obras é morta (Tiago 2:26).
Jesus ama a fé e as atitudes que a demonstram, portanto querer praticar a sua fé sempre terá a aprovação de Deus.
A fé nos convida a sair do plano natural e circunstancial para entrar em um nível sobrenatural, onde o homem abandona as suas limitações e falhas e vai ao encontro de Deus.
“Pular do barco” expressa a nossa atitude de abandonarmos a dependência da segurança que o mundo nos oferece, que parece sólida. A dependência de Deus nunca vai parecer sólida e confiável senão unicamente pela fé.
Na sequência, Pedro começa a experimentar algo totalmente sobrenatural e completamente inédito. Mas quando ele começa a andar sobre as águas, percebe que os ventos e as ondas não pararam e novamente, Pedro se entrega as circunstâncias e por abandonar a fé que havia em seu coração no momento em que foi ousado o suficiente para praticá-la, começou a afundar. E nisto, há o seguinte alerta:
Só porque você concordou em depender de Deus e passou a praticar sua fé, não quer dizer que as tempestades irão parar. As circunstâncias não mudam no momento que você as abandona; pelo contrário, você se torna mais vulnerável a elas por não ter mais a aparente solidez do mundo. Quando abraçamos a fé, Deus deve ser a nossa única segurança e, para isso, devemos trabalhar para sustentar a nossa fé.
Também vemos que Pedro desviou a sua atenção de Cristo e olhou para os ventos e o mar. Isso nos ensina que o sustento da nossa fé depende sempre de olharmos não para o que o mundo diz e ensina, mas para Deus e Sua Palavra.
A direção para onde você olhar determinará o caminho que você irá percorrer.
Mas assim que Pedro começou a afundar, a sua atitude foi de imediatamente pedir ajuda a Cristo e tão prontamente quanto pedido, foi atendido. E aqui, mais uma lição se aprende:
Quando você toma uma atitude de fé, não importando o tamanho dela, e entra na dependência de Deus, você jamais será abandonado. Devemos reparar que Jesus não permitiu que Pedro afundasse completamente para tirá-lo da água. Ele apenas permitiu um pouco, para que Pedro visse a diferença entre uma fé completa e uma fé parcial.
Finalmente, após socorrer Pedro, Jesus vai com ele de volta para o barco. Assim que os dois entram, os ventos se acalmam.
As circunstâncias contrárias são o cenário do desafio que o crente recebe para confiar em sua fé; a fé é o palco para um milagre e o milagre é a recompensa por uma atitude de força e coragem.
Chegando ao barco, todos os discípulos adoram a Jesus, reconhecendo que Ele é o Filho de Deus.
Um milagre serve para remover impossíveis da nossa vida, mas principalmente é um investimento de Deus para gerar adoração. Com certeza, os discípulos teriam reconhecido a divindade de Jesus se Ele tão simplesmente tivesse andado até o barco. Mas não era só isso o que Jesus queria. Hebreus 12:2 diz que Jesus é o autor e o consumador da fé, por isso, a fé que estava no coração de Pedro tinha sido plantada ali pelo próprio Jesus.
Repare que dentre todos os doze discípulos, só Pedro teve a coragem de tomar uma atitude ousada. Jesus conhecia Pedro em seu coração e sabia que ele seria o único que não simplesmente acreditaria que era Jesus quem andava sobre as águas, mas se tornaria parte do milagre.
Jesus quer nos tornar participantes do ministério milagroso e eficaz que ele mesmo constrói, mas para isso, precisamos primeiro resgatar o conceito de fé, direcionar nossa fé para Jesus e para os seus sonhos e não para os nossos. Não podemos mais nos acomodar nas circunstâncias e esperar a tempestade da vida passar; precisamos sair do conforto do barco mesmo em meio à tempestade, sabendo que a nossa proteção não é mundana, mas garantida pelo filho de Deus.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Ungidos


Depois de muito tempo, finalmente voltei a postar. Sem mais delongas, vamos adiante:

"E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar;
E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.
E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.
E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
E em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.
E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.
E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando?
Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?
Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia,
E Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos,
Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.
E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?
E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.
Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz, e disse-lhes: Homens judeus, e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras.
(...)

Saiba, pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.
E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos?
E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo;
Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.
E com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.
De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas,"
Atos 2:1-14; 36-41

Muita polêmica tem sido colocada sobre as igrejas neopentecostais, devido a atitudes estranhas nos ditos "momentos de unção". Não estou aqui para questionar se o Espírito Santo está ou não presente nesses momentos, até porque a Palavra diz que todos aqueles que crêem em Jesus como o Messias não seriam deixados órfãos, mas receberiam o Consolador dentro de si. Também não duvido que a presença do Espírito Santo pode causar reações físicas estranhas, pois o próprio versículo 13 denuncia que as pessoas batizadas no Espírito Santo agiam como se estivessem bêbadas.
Infelizmente, os nossos olhos se acostumaram a ver toda questão que nos é apresentada em superfície, até mesmo quando a questão é analisada sob a luz bíblica. Muitos têm a inadequada atitude de encontrar um versículo que respalde seu argumento, descontextualizá-lo e iniciar mais uma briga de egos e teologias alegando agir em nome do Senhor.
A questão aqui não é se os tremeliques, as quedas, as giradas, as orações em línguas, as profecias e afins procedem ou não de Deus, mas se Deus realmente está agindo naquele momento, qual é o Seu propósito? Não podemos nos esquecer que ungir não é simplesmente derramar óleo sobre a cabeça de alguém. A unção é uma capacitação específica de Deus para o cumprimento de um determinado propósito de Seu coração.
Quando Deus levou o profeta Samuel a ungir Saul e Davi, Ele tinha o propósito de capacitar os jovens como reis que o representassem na teocracia perfeita que Deus planejava para sua nação escolhida. Um homem não pode governar como Deus, mas pode ser capacitado por Ele para governar além de suas capacidades e limitações humanas.
Quando Jesus estava às vésperas de ser crucificado, renovou a missão dos setenta, ordenando que seus discípulos levassem óleo a fim de que estivessem capacitados de cumprir os seus comandos: expulsar demônios, curar os enfermos e o mais importante de tudo: anunciar que já naquele tempo, era chegado o Reino de Deus.
Os profetas do Antigo Testamento receberam uma capacitação específica que lhes aumentou a ousadia, a coragem e, em alguns casos, até a realização de milagres a fim de que o Reino de Deus fosse anunciado. O mesmo aconteceu com estes fiéis apóstolos. Realmente, as reações físicas deles foram estranhas às pessoas daquele tempo e daquele lugar, mas após aquele verdadeiro momento de unção, Pedro e os outros dez (Matias ainda não havia sido chamado como apóstolo) levantaram-se com autoridade para cumprir um plano de Deus para aquelas 3.000 pessoas: o plano de salvá-los. Seus corações estavam endurecidos quando os líderes judeus os incitarem a escolherem a liberdade de Barrabás em detrimento da de Cristo, pois era necessário que a crucificação do Messias se cumprisse. Mas Deus não queria que a Casa de Israel fosse condenada, mas salva.
O Espírito Santo estava com os apóstolos e a pregação que Pedro fez nos versículos 15-35 foi o suficiente para que o Espírito Santo convencesse a todos do pecado, do juízo e da justiça, causando uma conversão imediata e lançando os primórdios da primeira igreja cristã de Jerusalém.
Naquela manhã, Deus salvou cerca de 3.000 pessoas da condenação eterna e a mesma responsabilidade que estava sobre a igreja daquele tempo está sobre a igreja de hoje.

Não importa a forma que Deus irá se manifestar. Às vezes, uma pessoa que está em uma silenciosa oração no seu secreto pode receber muito mais capacitação de Deus do que alguém que está sapateando e orando em línguas em uma igreja. O que precisamos fazer é ser menos egoístas e achar que sentir a presença de Deus nos basta. Não precisamos apenas sentir. Precisamos compartilhar. É hora de alcançarmos um novo nível e sabermos a razão para a qual Deus nos está capacitando. Mas uma coisa é certa: seja lá qual for este motivo, tem tudo a ver com vidas que Deus deseja resgatar do inferno.

Deus abençoe a todos!

domingo, 27 de novembro de 2011

Você anda enterrando mortos?

Eu ia postar o estudo a seguir há umas duas semanas, mas Deus me mostrou novas coisas que me fizeram buscá-lO em oração e por isso, o estudo ficou ainda melhor.
É uma realidade que tem se estabelecido muito ultimamente, e por isso, peço que você, querido leitor, leia até o fim e divulgue, pois seus irmãos podem estar passando por essa realidade.


E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá a enterrar meu pai.
Mas Jesus lhe observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu vai e anuncia o reino de Deus. 
Lucas 9:59-60

Muitas pessoas podem se escandalizar com as palavras de Jesus a esse homem, a quem o Senhor chamou. Muitos de nós sabemos o que é a dor de se perder alguém próximo, principalmente quando se trata de um dos pais, um cônjuge ou, pior ainda, um filho. Se nunca aconteceu conosco, é comum que pelo menos conheçamos alguém que tenha passado por essa dor.
Temos aprendido que Jesus não está alheio à nossa dor ou às nossas dificuldades, que em cada situação que passamos, Ele sabe do que precisamos antes mesmo de abrirmos a nossa boca. Sendo assim, por que Jesus não teria compreendido a dor daquele discípulo, ordenando-o ao trabalho ministerial ao invés de deixa-lo enterrar seu pai?
Podemos tirar várias lições destes dois versículos e a mais ministrada é que Jesus estava fazendo a diferença entre os que são e os que não são salvos, ao ditar claramente que os mortos deveriam enterrar os mortos, ou seja, que se preocupassem com a morte aqueles que já não têm em si a vida eterna prometida por Deus.
No entanto, por trás das palavras de Jesus, há um ensinamento muito mais profundo, assim como comum em nossas vidas, que temos deixado passar.
I Coríntios 15:21-22 fala do homem do pecado e do homem da ressurreição, conforme encontramos em Romanos, estes dois são o primeiro e o último Adão, sendo que este último Adão é Cristo. Em Adão, não só se iniciou a humanidade, mas após a sua queda, se iniciou também a separação entre este mundo e o Reino de Deus. Antes da queda, a realidade em que Adão vivia era o pleno Reino de Deus estabelecido na Terra, onde o homem tinha comunhão plena com o seu Criador e o servia como seu Rei. No entanto, a queda do homem através do pecado fez uma separação entre o Reino de Deus e as coisas deste mundo, onde o homem confia na força do seu próprio braço e esqueceu de depender de Deus.
Tudo o que ocorreu desde então, através de todo o Antigo Testamento, era Deus desejando voltar a se relacionar com o homem e o homem tentando mais uma vez se religar ao Reino dos Céus – e desse “religar” que surgiu a palavra “religião”. Finalmente, Jesus veio à Terra justamente com o propósito de dar aos homens a chave dessa religação. Cristo não apenas deixou sua morte e ressurreição como legado, mas também deixou suas palavras, ensinamentos e o acesso pleno e irrestrito à presença do Espírito Santo. A missão de Jesus neste mundo era acabar com a separação entre ele e o Reino de Deus.
Porém, em sua caminhada, Jesus se deparou com muitos casos como este, citado no livro de Lucas. Aquilo era um caso extremo onde um homem precisava decidir se ele atenderia às necessidades de sua alma, ou se atenderia as necessidades do Seu Deus.
Sim, querido, Deus tem uma necessidade que precisa ser atendida: Ele nos escolheu para semear o evangelho em toda criatura e para adorá-lO em espírito e em verdade. Esta necessidade é a própria essência da missão de Cristo: unir o homem pecador ao Seu criador, para que ambos possam novamente viver em plena comunhão.
O ponto central desta palavra é: por que você se preocupa com as coisas pequenas deste mundo? Será que Deus e Seu Reino deixaram de ser grandes o suficiente para serem sua única razão de viver?
Em uma análise superficial das nossas vidas, provavelmente diríamos: “Claro que não! Deus é único e suficiente para mim.” Mas observando as atitudes de muitos dos meus irmãos, eu me pergunto: Será?
Façamos uma análise mais profunda: o que você não tolera na sua liderança? Muitos discípulos não toleram líderes que não conversam com eles frequentemente, que ao invés de passada de mão na cabeça, entregam palavras duras, a fim de que haja arrependimento. Basta uma falha e suas bocas se abrem em murmuração, logo juntam suas insatisfações à de outras pessoas e assim passam a contaminar a equipe.
Jesus nos ensinou a respeito do que não deveríamos tolerar: mestres que não pregam a sã doutrina, sacerdotes que ordenam o que não fazem, hipócritas, árvores de maus frutos. A estes nós não devemos submissão, mas é nesse momento que nosso amor deve ser provado. No lugar de adotarmos uma rebeldia inconsequente, devemos interceder por eles e confrontá-los em amor, assim como Paulo fez com Pedro, que por ser um homem de Deus, reconheceu seu erro e se consertou (Gálatas 2:11).
Quando retemos feridas com nossos líderes, contaminamos a equipe e paramos nosso ministério e o ministério alheio, estamos semeando contendas, inimizades e facções e colheremos morte espiritual. Isto é um exemplo de dar uma desculpa para Jesus e ir enterrar nossos mortos.
Com os nossos irmãos, não é diferente. A Palavra promete que todo joelho se dobrará e toda língua confessará a Jesus como seu Senhor. Isso significa que você terá que lidar com pessoas de diferentes opiniões, diferentes atitudes, diferentes jeitos de ser. Isso nem sempre vai nos agradar, pois costumamos a procurar pessoas semelhantes a nós, com quem podemos aliançar nossas almas. Mas o chamado de Deus para o seu povo não é o de uma aliança na alma, mas de uma aliança no espírito. Somos um só povo, de um único Deus, guiados por um só espírito. Muitas pessoas ficam magoadas por receberem palavras que não gostariam ou por esperarem palavras que nunca chegaram. O que a maioria delas não consegue ver é que absolutamente nenhuma expectativa deve ser colocada em pessoas ou circunstâncias, nenhuma confiança deve repousar sobre a alma das pessoas, mas tudo isto deve estar sobre a rocha que é Cristo. D’Ele virá o sim e o amém. Muitas vezes, o que esperamos de uma pessoa, Deus quer nos dar através de outra e nós, por não depositarmos n’Ele a nossa confiança, perdemos o que precisamos.
Esperar no homem é andar debaixo de maldição (Jeremias 17:5). É chegar-se a Jesus e pedir licença para enterrar seus mortos. Mas esperar em Deus é força inabalável (Isaías 40:31), é vencer os problemas deste mundo e anunciar o Reino de Deus!
Quanto ao perdido então, nem se fala! I João 4:4 diz claramente que maior é aquele que está em nós do que o que está no mundo! Sendo assim é claro que o mundo não anda no mesmo espírito que os filhos de Deus e por isso, estão submetidos aos espíritos inimigos de Deus e à própria carne, que milita contra o espírito. Certamente, pior que colocar nossa expectativa e nossa confiança no homem cristão é coloca-la no ímpio, pois uma diferença os distingue: o homem que tem o Espírito Santo em si é ministrado e movido por ele, mas o ímpio não faz nada além de suas próprias vontades e da opressão que lhe é imposta. Colocar sua confiança no ímpio é um convite à decepção certa, é confiar nos mortos que Cristo mencionou.
Pior do que tudo isso, é colocar a confiança e agir guiado por coisas que sequer têm vida! Quantas vezes não vemos pessoas que confiam no dinheiro e nos seus bens, no ministério que construíram, no seu trabalho, na sua própria saúde e histórico médico impecável, nos seus diplomas? Todas estas são coisas que nos podem ser retiradas do dia para a noite e se nossas bases estiverem nisso, certamente desmoronaremos.
A mensagem que quero passar aqui é que devemos parar de agirmos, de nos alegrarmos, de nos entristecermos e de definirmos nossa vida e nossa unção por causa de qualquer outra coisa que não seja Deus.
Muitas vezes você será chamado a escolher: você vai enterrar seus mortos, ou seja, por causa das suas opiniões, vai continuar gerando desunião, se magoando e pecando; ou você vai anunciar o Reino de Deus, parando de se preocupar com homens, com coisas e com glória própria e glorificando em absolutamente tudo o Nome do Senhor?
Anunciar o Reino dos Céus é mostrar ao mundo que Deus pode cuidar de ABSOLUTAMENTE TUDO, desde que nossa confiança e expectativa estejam sempre ligadas unicamente a Ele e a nenhum outro, nem mesmo você.
Você tem escolhido enterrar seus mortos? Analise-se em oração e sinceridade, à luz da Palavra e se a resposta for sim, arrependa-se. Peça fé e forças a Deus se necessário, pois Ele jamais pedirá de você uma atitude à qual Ele não possa te capacitar.

domingo, 23 de outubro de 2011

As bênçãos foram feitas para louvar, não para serem louvadas.


Bom dia!

Aqui vai mais um longo estudo. Mas ele denuncia uma trilha que muitos acabam seguindo, rumo à destruição de suas próprias vidas. Eu mesmo quase o trilhei uma vez, mas justamente por causa dessa palavra que Deus me deu, fui salvo e encontrei o caminho do arrependimento. Que Deus os abençoe!

Palavra: Ezequiel 16:1-34
Vemos a indignação de Deus com a nação de Israel e principalmente com a cidade que ele mais amou, Jerusalém. Desde os dias de Moisés, o povo israelita se mostrou difícil de ser tratado. Deus havia prometido a Seu povo que os levaria para uma terra que mana leite e mel e os libertou executando grandes sinais e grandes milagres, porém, ainda no deserto, Ele encontrou no povo que Ele amava um coração duro, ingrato e murmurador; incapaz de ter fé ou obedecer.
A misericórdia de Deus jamais se apartou dos Filhos de Israel, pois ainda sendo um povo de tão duro coração, Deus os levou à terra prometida e não só os levou, mas removeu de lá todos os moradores que habitavam, homens fortes que, pelas condições naturais, teriam esmagado o povo de Israel.
A terra era boa e havia sobre ela promessas de bênçãos sem limites, mas o povo vivia caindo e se levantando de sua idolatria e de seus pecados. Israel viveu nessa inconstância até os dias dos primeiros reis, quando Davi restaurou a adoração a Deus.
Mas a adoração que Davi tanto se esmerou em restaurar não durou muito, pois apesar de toda a sabedoria do reinado de Salomão, nos seus últimos dias ele se entregou à idolatria praticada por suas esposas, atraindo maldição para toda a nação, que se dividiu e jamais tornou a ter uma sinceridade de adoração tão plena quanto a dos dias de Davi.
Essa idolatria durou quase 500 anos e culminou com o esgotamento da paciência de Deus, que permitiu que toda a nação israelita fosse novamente entregue à casa da escravidão, dessa vez na Babilônia.
Temos visto nas igrejas que esta história tem se repetido constantemente; pessoas que chegam da casa da escravidão para a presença de Deus, perseveram, alcançam as bênçãos que Ele promete e depois, se prostituem.
Quando falamos de prostituição, tendemos a associar automaticamente ao pecado do sexo ilícito, mas vemos no texto que os padrões de Deus são muito mais altos. Quando Deus abençoou a Israel e a consagrou como nação santa, Ele não deu apenas leis, fardos pesados e impossíveis de carregar, mas deu promessas, todas decorrentes da obediência, conforme Deuteronômio 28.
Toda essa história é muito semelhante à nossa vida com Cristo:
3  E dize: Assim diz o Senhor DEUS a Jerusalém: A tua origem e o teu nascimento procedem da terra dos cananeus. Teu pai era amorreu, e tua mãe hetéia.
4  E, quanto ao teu nascimento, no dia em que nasceste não te foi cortado o umbigo, nem foste lavada com água para te limpar; nem tampouco foste esfregada com sal, nem envolta em faixas.
5  Não se apiedou de ti olho algum, para te fazer alguma coisa disto, compadecendo-se de ti; antes foste lançada em pleno campo, pelo nojo da tua pessoa, no dia em que nasceste.”

Os amorreus e os heteus eram habitantes da terra de Canaã, que fora amaldiçoada desde os dias de Noé (Gênesis 9:20-25). Da mesma forma, quando nascemos fisicamente, somos herdeiros de uma maldição, pois todos somos descendentes de Adão. A semente que foi o primeiro pecado foi germinada em toda a humanidade e isso, no mundo espiritual, é como estar revolvido em sangue, pois o salário do pecado é a morte. Nossa vida de pecado nos levou a conviver em um mundo que nunca nos valorizou, sempre diminuindo o valor das pessoas e supervalorizando o que aos olhos de Deus não tem valor. O mundo nos ensina a rota do isolamento e da competitividade para alcançarmos o sucesso e é justamente essa rota que nos leva a uma vida vazia.

6  E, passando eu junto de ti, vi-te a revolver-te no teu sangue, e disse-te: Ainda que estejas no teu sangue, vive; sim, disse-te: Ainda que estejas no teu sangue, vive.
7  Eu te fiz multiplicar como o renovo do campo, e cresceste, e te engrandeceste, e chegaste à grande formosura; avultaram os seios, e cresceu o teu cabelo; mas estavas nua e descoberta.”

Deus nos alcançou com a Sua misericórdia. Quando estávamos desprezados neste mundo de destruição, morte e roubo, Ele nos deu uma chance de aceitarmos Jesus como nosso Senhor e salvador e, quando aceitamos, Ele nos limpou e nos tirou da vergonha e do desprezo para sermos glorificados e reconhecidos, porém, estávamos limpos e vazios, prontos para que Ele nos enchesse.

8  E, passando eu junto de ti, vi-te, e eis que o teu tempo era tempo de amores; e estendi sobre ti a aba do meu manto, e cobri a tua nudez; e dei-te juramento, e entrei em aliança contigo, diz o Senhor DEUS, e tu ficaste sendo minha.”

Quando somos resgatados, a reação natural é amar aquele que nos resgatou, porque Ele nos amou primeiro. É então que Ele nos enche com sua presença e faz uma aliança conosco, nos tornando como Sua noiva. Como sua noiva, devemos fidelidade, pois uma aliança é uma relação bilateral, onde damos e recebemos.

“9  Então te lavei com água, e te enxuguei do teu sangue, e te ungi com óleo.
10  E te vesti com roupas bordadas, e te calcei com pele de texugo, e te cingi com linho fino, e te cobri de seda.
11  E te enfeitei com adornos, e te pus braceletes nas mãos e um colar ao redor do teu pescoço.
12  E te pus um pendente na testa, e brincos nas orelhas, e uma coroa de glória na cabeça.
13  E assim foste ornada de ouro e prata, e o teu vestido foi de linho fino, e de seda e de bordados; nutriste-te de flor de farinha, e mel e azeite; e foste formosa em extremo, e foste próspera, até chegares a realeza.
14  E correu de ti a tua fama entre os gentios, por causa da tua formosura, pois era perfeita, por causa da minha glória que eu pusera em ti, diz o Senhor DEUS.”

Depois que entramos em aliança com Deus e nos mantemos como propriedade d’Ele, recebemos primeiro o que é básico para o nosso sustento, o que remove toda a nossa vergonha e nos deixa em um nível básico de conforto, mas quando permanecemos n’Ele, ele nos prospera pelo amor que tem por nós. Essa prosperidade não é só de bens materiais, como o ouro e a prata citados no versículo 13, mas também de alimento espiritual, um alimento sólido, extremamente nutritivo e agradável para nós.
Estas são algumas das bênçãos que Deus derrama aos Seus Filhos. Em Deus, há prazer que estas coisas sejam dadas. Tudo isto é promessa de Deus para as nossas vidas, mas a Palavra diz que nem olhos viram, nem ouvidos ouviram o que Deus tem preparado para aqueles que o amam, ou seja, a noiva da ilustração – nós – ainda estava longe de receber o tudo que Deus tinha para dar. O que define o futuro dessa noiva é a atitude que ela vai tomar ao receber estas bênçãos.
Israel passou por grandes provações porque, quando receberam todas estas coisas, fecharam seus olhos e seu coração para o Deus, o noivo que as tinha dado e amaram mais a provisão que o provedor, conforme se vê no restante do texto:

15  Mas confiaste na tua formosura, e te corrompeste por causa da tua fama, e prostituías-te a todo o que passava, para seres dele.”

Um dos ataques do inimigo é fazer com que um filho de Deus cresça mediante aos seus próprios olhos, ou seja, se ensoberbecer. O ser humano tem em sua carne a tendência de olhar e verificar tudo o que já conquistou, para se sentir bem. O mundo nos ensina que você é aquilo que você conquista, por isso, muitos acabam em competições destrutivas, pois todos querem conquistar não importando o preço. Porém, a palavra de Deus diz que a soberba precede a queda.

16  E tomaste dos teus vestidos, e fizeste lugares altos pintados de diversas cores, e te prostituíste sobre eles, como nunca sucedera, nem sucederá.
17  E tomaste as tuas joias de enfeite, que eu te dei do meu ouro e da minha prata, e fizeste imagens de homens, e te prostituíste com elas.”

Toda idolatria nasce de uma bênção. Até mesmo aqueles que adoram imagens, o fazem por uma associação errada de causa e causador. Estas pessoas recebem uma bênção de um Deus que é único e Todo-Poderoso e misericordioso, mas o diabo usa uma mentira para fazer a pessoa abençoada acreditar que a autoria daquela bênção é uma determinada entidade. Assim também, há pessoas que idolatram o dinheiro, como Deus bem exemplifica no versículo 17, achando que a felicidade vem das boas condições que Deus deu.

18  E tomaste os teus vestidos bordados, e as cobriste; e o meu azeite e o meu perfume puseste diante delas.
19  E o meu pão que te dei, a flor de farinha, e o azeite e o mel com que eu te sustentava, também puseste diante delas em cheiro suave; e assim foi, diz o Senhor DEUS.”

Para alcançarmos níveis mais altos de bênçãos e favores de Deus, temos que entrar em níveis de aliança mais profundos com Ele. Por exemplo, uma pessoa que bebe não tem condições de manter um juramento de abstinência alcoólica com Deus. Primeiro ela precisa ter uma atitude sincera de entregar seu coração a Deus e obedecer a tudo quanto Ele ordenar. Da Sua parte, Deus a libertará da bebida, comprometendo a pessoa, pela bilateralidade da aliança, a não procurar mais sustentar o antigo vício.
Porém, torna-se altamente detestável aos olhos de Deus quando alguém com um nível profundo de aliança oferece as bênçãos adquiridas através de Deus para a idolatria. O casamento, por exemplo, é algo que constantemente se torna um presente de Deus oferecido a ídolos. Esposas e maridos passam a idolatrar um ao outro, deixando para trás aquele que os uniu, abandonando Seu ministério em troca de mais momentos a sós. Ou ainda idolatram sua casa, seu trabalho, seus filhos. Quando se nota, absolutamente tudo na vida do casal se torna mais importante que a Presença de Deus. Oportunidades de carreira são outros ótimos exemplos. Muitas pessoas são roubadas da Presença de Deus por trabalhos que aparentemente são lucrativos, mas que exigem delas um tempo que elas deveriam estar investindo em jejum, oração, cultos e consagração.

20  Além disto, tomaste a teus filhos e tuas filhas, que me tinhas gerado, e os sacrificaste a elas, para serem consumidos; acaso é pequena a tua prostituição?
21  E mataste a meus filhos, e os entregaste a elas para os fazerem passar pelo fogo.
22  E em todas as tuas abominações, e nas tuas prostituições, não te lembraste dos dias da tua mocidade, quando tu estavas nua e descoberta, e revolvida no teu sangue.”

Como já dito anteriormente, o pecado é uma semente e toda semente gera fruto segundo a sua espécie . Não se pode servir a dois senhores. Quem anda na presença de Deus, mas não O serve, serve ao inimigo. Devemos entender a importância de nos guardarmos em santidade e constantemente nos arrepender, pois aquele que conhece a verdade e não a pratica, faz pior do que aquele que peca sem conhecer a verdade. Uma pessoa que não conhece a verdade e por isso peca, é roubada daquilo que ela tem direito, mas aquele que, conhecendo a verdade, insiste em pecar, entrega os frutos de sua convivência com Deus nas mãos do diabo.
O perigo mais iminente disto é a perda de um ministério. Muitas igrejas já fecharam suas portas porque seus líderes e pastores se entregaram ao adultério, alcoolismo e tantos outros pecados. A Palavra nos exorta a nos examinarmos, mas o versículo 22 faz um pedido ainda mais profundo: ele nos convida a lembrarmos quem éramos antes de conhecer a Deus. Do tamanho da misericórdia que foi necessária para que Ele nos escolhesse.

23  E sucedeu, depois de toda a tua maldade (ai, ai de ti! diz o Senhor DEUS),
24  Que edificaste uma abóbada, e fizeste lugares altos em cada rua.
25  A cada canto do caminho edificaste o teu lugar alto, e fizeste abominável a tua formosura, e alargaste os teus pés a todo o que passava, e multiplicaste as tuas prostituições.
26  Também te prostituíste com os filhos do Egito, teus vizinhos grandes de carne, e multiplicaste a tua prostituição para me provocares à ira.”

Existem vários níveis de aliança com Deus. Quanto mais profundamente entramos nesta aliança, maiores são as bênçãos que alcançamos e, por consequência, maiores as responsabilidades e maiores as tentativas do inimigo de nos roubar. Todo pecado, para Deus, será julgado como pecado, não importando sua gravidade, porém, dependendo da gravidade do pecado, o caminho de volta para Deus pode ser mais ou menos difícil e a consequência, pelo princípio da semeadura e da colheita, pode ser mais ou menos dolorosa.
O fundo do poço é quando desistimos de lutar e não nos arrependemos. O pecado não só mancha nosso relacionamento com Deus, mas também mancha nosso caráter, de modo que todo bom fruto que conquistamos com nosso Deus adquire uma marca perversa e demoníaca que nos envergonha, pois sempre seremos lembrados pela glória que tínhamos e que perdemos. Por fim, ao chegarmos neste estado, voltamos para a casa da escravidão, mas de uma maneira ainda pior da que saímos; envergonhados, humilhados e com um jugo de opressão sete vezes mais pesado.

27  Por isso estendi a minha mão sobre ti, e diminuí a tua porção; e te entreguei à vontade das que te odeiam, das filhas dos filisteus, as quais se envergonhavam do teu caminho depravado.
28  Também te prostituíste com os filhos da Assíria, porquanto eras insaciável; e prostituindo-te com eles, nem ainda assim ficaste farta.
29  Antes multiplicaste as tuas prostituições na terra de Canaã até Caldéia, e nem ainda com isso te fartaste.”

À medida que um filho de Deus se aprofunda no pecado, o diabo começa a cobrar o preço de toda a afronta que foi feita ao domínio que ele tinha antes. Deus é puro e ele não pode se misturar com o que é impuro, ou seja, em um coração voltado para Deus, não pode haver desejo pelo pecado. Ainda que pequemos, este não pode ser o alvo de nossas decisões, de nossas vidas. Quando isso acontece, a Presença de Deus se retira de nós e voltamos a sentir aquele vazio que só pode ser preenchido por Deus.
O ser humano, porém, não foi feito para se sentir vazio e mais uma vez, tornamos a ficar piores, porque sabemos exatamente o que preenche completamente nossos corações, mas não conseguimos alcança-lo. Porém, na ansiedade e no desespero de uma barreira criada entre nós e Deus, tentamos reaver um tempo de paz de qualquer forma, como se fosse possível alcança-lo sem a presença do Pai.

30  Quão fraco é o teu coração, diz o Senhor DEUS, fazendo tu todas estas coisas, obras de uma meretriz imperiosa!
31  Edificando tu a tua abóbada ao canto de cada caminho, e fazendo o teu lugar alto em cada rua! Nem foste como a meretriz, pois desprezaste a paga;
32  Foste como a mulher adúltera que, em lugar de seu marido, recebe os estranhos.
33  A todas as meretrizes dão paga, mas tu dás os teus presentes a todos os teus amantes; e lhes dás presentes, para que venham a ti de todas as partes, pelas tuas prostituições.
34  Assim que contigo sucede o contrário das outras mulheres nas tuas prostituições, pois ninguém te procura para prostituição; porque, dando tu a paga, e a ti não sendo dada a paga, fazes o contrário.”

O profeta finaliza a advertência contra Israel antes de anunciar todas as graves consequências que haveriam de vir sobre aquele povo infiel. Deus, apesar de ser soberano em Sua glória, nos amou ao ponto de dar Seu próprio Filho em sacrifício por nós. Quando nos separamos completamente dele, sua frustração é como a de um marido traído, que presenciou o adultério de uma esposa por quem Ele deu o que tinha de mais precioso. E aquele que se afasta da Sua presença, é como alguém que ao errar, paga um preço, uma consequência por seu erro, mas ainda assim, torna a procurar seu pecado e se afastar de Deus.

Este texto pode parecer pesado. A advertência e a tristeza do coração de Deus frente aos pecados de Israel fazem doer o nosso próprio coração. Mas a palavra de Deus não volta vazia para o trono. Deus tem uma promessa por trás de tudo isso: A Sua Palavra promete tantas bênçãos, tantos livramentos, tanta provisão, que seu coração irá se maravilhar pois apesar de você ter ouvido falar na plenitude de Deus, seus olhos jamais a viram da maneira com que verão. Portanto, tenha cuidado. Ao receber uma bênção e entrar na sua Terra Prometida, lembre-se de louvar, agradecer e se entregar só para seu Deus, jamais se prostituir com as bênçãos.