sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Compromisso de fé


E logo ordenou Jesus que os seus discípulos entrassem no barco, e fossem adiante para o outro lado, enquanto despedia a multidão.
E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só.
E o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário;
Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, andando por cima do mar.
E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo.
Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu, não temais.
E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas.
E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus.
Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me!
E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?
E, quando subiram para o barco, acalmou o vento.
Então aproximaram-se os que estavam no barco, e adoraram-no, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus.

Mateus 14:22-34

Os evangelhos sempre nos trazem belos exemplos da conduta de Jesus como nosso modelo de vida, mas hoje, quero chamar a atenção não para a conduta de Jesus, mas para a de seus discípulos, em especial, Pedro, pois essa passagem é um referencial da fé que devemos ter.
A primeira coisa que podemos reparar é que mesmo antes dos discípulos verem Jesus andando sobre as águas, já existia naquele barco um clima de medo, pois eles navegavam com ventos contrários e eram constantemente açoitados pelas ondas. Não é necessário ser bom entendedor de navegação para saber que um descuido poderia leva-los ao naufrágio. Logo depois, eles presenciam uma cena completamente sobrenatural: alguém andava sobre as águas. Para que eles não reconhecessem que se tratava de Jesus, e imaginassem ser um fantasma, a probabilidade era que Jesus estivesse longe.
Tudo o que Jesus fez e faz até os dias de hoje tem um propósito pré-definido. Podemos ver nas escrituras que Ele não era dado a demonstrações vulgares de poder quando Ele se recusa a ceder às tentações de Satanás e também quando se recusa a dar um sinal dos céus aos fariseus. Sendo assim, não só o andar sobre as águas tinha um propósito, como também as circunstâncias em que Jesus realizou este feito eram para ensinar a eles e a nós algo que deve sempre fazer a diferença na nossa vida cristã:
A fé sempre vai ser necessária quando as circunstâncias dão medo.
Logo depois que Jesus presencia o medo e a superstição de seus discípulos, Ele procura confortá-los, ainda à distância, dizendo que era Ele que estava indo ao encontro dos discípulos. Certamente, quando Ele falou, todos os seus discípulos reconheceram a sua voz, porém, amedrontados, a inércia de todos mostrou algo: mesmo ouvindo a voz do mestre, a postura de todos era de incredulidade. Na superstição que existia na época, principalmente relacionada ao medo que o mar inspirava nos judeus, era mais fácil acreditar que um fantasma seria capaz de simular a voz de Jesus do que aquela pessoa sobre as águas efetivamente ser o mestre. Isso nos ensina outra importante lição:
A crença em mentiras está sempre aliada ao perigo das circunstâncias para anular a fé.
Então, é nesse momento que Pedro decide quebrar a inércia. Pedro decide romper com o medo, com as circunstâncias e com suas crendices e usa o conhecimento que ele tinha de Jesus para prova-lo. Pedro conhecia a Jesus suficientemente bem para saber que Ele era poderoso o suficiente para permitir que os discípulos fizessem milagres como Ele e para saber também que Jesus nunca iria tomar nenhuma decisão que anulasse ou reduzisse a fé de qualquer pessoa. Sendo assim, Ele lança a prova: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas.” E Jesus, provando-se ser quem era, responde: “Vem.”
Este ponto não só é o clímax dessa passagem, como também é a parte onde podemos extrair a maior parte de seus ensinamentos. Primeiramente, repare que, para que Pedro provasse a Jesus, era necessário que ele não tivesse plena certeza de que era mesmo Ele quem se aproximava, portanto a palavra “se” não tem apenas conotação de teste, mas também de dúvida. Ninguém testa nada do que se tem certeza. Portanto, aprendemos:
Romper com o medo, a incredulidade, as circunstâncias e as falsas crenças ainda pode deixar espaço para a dúvida razoável.
Além disso, Pedro não desafiou Jesus por não acreditar que Jesus poderia andar sobre as águas, tanto que é isto o que seu desafio denuncia: “SE és tu”, ou seja, sendo ele Jesus, o mestre, o Messias, “manda-me ir ter contigo por cima das águas”. Em outras palavras: “Jesus pode me fazer andar por cima das águas”. Isso nos ensina uma lição que a cada dia se faz mais valorosa:
O verdadeiro Jesus e o verdadeiro evangelho tem características únicas, que nenhum falso Messias nem um falso evangelho podem imitar. Conhecer a natureza de ambos abre acesso para o pleno exercício da fé e nos livra das enganações do diabo.
A resposta de Jesus ao desafio de Pedro foi simplesmente: “Vem.” E nesta simples resposta, aprendemos também:
Quando você expressa sua fé, Deus te chama a tomar uma atitude que torna a sua fé válida, pois a fé sem obras é morta (Tiago 2:26).
Jesus ama a fé e as atitudes que a demonstram, portanto querer praticar a sua fé sempre terá a aprovação de Deus.
A fé nos convida a sair do plano natural e circunstancial para entrar em um nível sobrenatural, onde o homem abandona as suas limitações e falhas e vai ao encontro de Deus.
“Pular do barco” expressa a nossa atitude de abandonarmos a dependência da segurança que o mundo nos oferece, que parece sólida. A dependência de Deus nunca vai parecer sólida e confiável senão unicamente pela fé.
Na sequência, Pedro começa a experimentar algo totalmente sobrenatural e completamente inédito. Mas quando ele começa a andar sobre as águas, percebe que os ventos e as ondas não pararam e novamente, Pedro se entrega as circunstâncias e por abandonar a fé que havia em seu coração no momento em que foi ousado o suficiente para praticá-la, começou a afundar. E nisto, há o seguinte alerta:
Só porque você concordou em depender de Deus e passou a praticar sua fé, não quer dizer que as tempestades irão parar. As circunstâncias não mudam no momento que você as abandona; pelo contrário, você se torna mais vulnerável a elas por não ter mais a aparente solidez do mundo. Quando abraçamos a fé, Deus deve ser a nossa única segurança e, para isso, devemos trabalhar para sustentar a nossa fé.
Também vemos que Pedro desviou a sua atenção de Cristo e olhou para os ventos e o mar. Isso nos ensina que o sustento da nossa fé depende sempre de olharmos não para o que o mundo diz e ensina, mas para Deus e Sua Palavra.
A direção para onde você olhar determinará o caminho que você irá percorrer.
Mas assim que Pedro começou a afundar, a sua atitude foi de imediatamente pedir ajuda a Cristo e tão prontamente quanto pedido, foi atendido. E aqui, mais uma lição se aprende:
Quando você toma uma atitude de fé, não importando o tamanho dela, e entra na dependência de Deus, você jamais será abandonado. Devemos reparar que Jesus não permitiu que Pedro afundasse completamente para tirá-lo da água. Ele apenas permitiu um pouco, para que Pedro visse a diferença entre uma fé completa e uma fé parcial.
Finalmente, após socorrer Pedro, Jesus vai com ele de volta para o barco. Assim que os dois entram, os ventos se acalmam.
As circunstâncias contrárias são o cenário do desafio que o crente recebe para confiar em sua fé; a fé é o palco para um milagre e o milagre é a recompensa por uma atitude de força e coragem.
Chegando ao barco, todos os discípulos adoram a Jesus, reconhecendo que Ele é o Filho de Deus.
Um milagre serve para remover impossíveis da nossa vida, mas principalmente é um investimento de Deus para gerar adoração. Com certeza, os discípulos teriam reconhecido a divindade de Jesus se Ele tão simplesmente tivesse andado até o barco. Mas não era só isso o que Jesus queria. Hebreus 12:2 diz que Jesus é o autor e o consumador da fé, por isso, a fé que estava no coração de Pedro tinha sido plantada ali pelo próprio Jesus.
Repare que dentre todos os doze discípulos, só Pedro teve a coragem de tomar uma atitude ousada. Jesus conhecia Pedro em seu coração e sabia que ele seria o único que não simplesmente acreditaria que era Jesus quem andava sobre as águas, mas se tornaria parte do milagre.
Jesus quer nos tornar participantes do ministério milagroso e eficaz que ele mesmo constrói, mas para isso, precisamos primeiro resgatar o conceito de fé, direcionar nossa fé para Jesus e para os seus sonhos e não para os nossos. Não podemos mais nos acomodar nas circunstâncias e esperar a tempestade da vida passar; precisamos sair do conforto do barco mesmo em meio à tempestade, sabendo que a nossa proteção não é mundana, mas garantida pelo filho de Deus.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Ungidos


Depois de muito tempo, finalmente voltei a postar. Sem mais delongas, vamos adiante:

"E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar;
E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.
E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.
E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
E em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.
E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.
E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando?
Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?
Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia,
E Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos,
Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.
E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?
E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.
Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz, e disse-lhes: Homens judeus, e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras.
(...)

Saiba, pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.
E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos?
E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo;
Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.
E com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.
De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas,"
Atos 2:1-14; 36-41

Muita polêmica tem sido colocada sobre as igrejas neopentecostais, devido a atitudes estranhas nos ditos "momentos de unção". Não estou aqui para questionar se o Espírito Santo está ou não presente nesses momentos, até porque a Palavra diz que todos aqueles que crêem em Jesus como o Messias não seriam deixados órfãos, mas receberiam o Consolador dentro de si. Também não duvido que a presença do Espírito Santo pode causar reações físicas estranhas, pois o próprio versículo 13 denuncia que as pessoas batizadas no Espírito Santo agiam como se estivessem bêbadas.
Infelizmente, os nossos olhos se acostumaram a ver toda questão que nos é apresentada em superfície, até mesmo quando a questão é analisada sob a luz bíblica. Muitos têm a inadequada atitude de encontrar um versículo que respalde seu argumento, descontextualizá-lo e iniciar mais uma briga de egos e teologias alegando agir em nome do Senhor.
A questão aqui não é se os tremeliques, as quedas, as giradas, as orações em línguas, as profecias e afins procedem ou não de Deus, mas se Deus realmente está agindo naquele momento, qual é o Seu propósito? Não podemos nos esquecer que ungir não é simplesmente derramar óleo sobre a cabeça de alguém. A unção é uma capacitação específica de Deus para o cumprimento de um determinado propósito de Seu coração.
Quando Deus levou o profeta Samuel a ungir Saul e Davi, Ele tinha o propósito de capacitar os jovens como reis que o representassem na teocracia perfeita que Deus planejava para sua nação escolhida. Um homem não pode governar como Deus, mas pode ser capacitado por Ele para governar além de suas capacidades e limitações humanas.
Quando Jesus estava às vésperas de ser crucificado, renovou a missão dos setenta, ordenando que seus discípulos levassem óleo a fim de que estivessem capacitados de cumprir os seus comandos: expulsar demônios, curar os enfermos e o mais importante de tudo: anunciar que já naquele tempo, era chegado o Reino de Deus.
Os profetas do Antigo Testamento receberam uma capacitação específica que lhes aumentou a ousadia, a coragem e, em alguns casos, até a realização de milagres a fim de que o Reino de Deus fosse anunciado. O mesmo aconteceu com estes fiéis apóstolos. Realmente, as reações físicas deles foram estranhas às pessoas daquele tempo e daquele lugar, mas após aquele verdadeiro momento de unção, Pedro e os outros dez (Matias ainda não havia sido chamado como apóstolo) levantaram-se com autoridade para cumprir um plano de Deus para aquelas 3.000 pessoas: o plano de salvá-los. Seus corações estavam endurecidos quando os líderes judeus os incitarem a escolherem a liberdade de Barrabás em detrimento da de Cristo, pois era necessário que a crucificação do Messias se cumprisse. Mas Deus não queria que a Casa de Israel fosse condenada, mas salva.
O Espírito Santo estava com os apóstolos e a pregação que Pedro fez nos versículos 15-35 foi o suficiente para que o Espírito Santo convencesse a todos do pecado, do juízo e da justiça, causando uma conversão imediata e lançando os primórdios da primeira igreja cristã de Jerusalém.
Naquela manhã, Deus salvou cerca de 3.000 pessoas da condenação eterna e a mesma responsabilidade que estava sobre a igreja daquele tempo está sobre a igreja de hoje.

Não importa a forma que Deus irá se manifestar. Às vezes, uma pessoa que está em uma silenciosa oração no seu secreto pode receber muito mais capacitação de Deus do que alguém que está sapateando e orando em línguas em uma igreja. O que precisamos fazer é ser menos egoístas e achar que sentir a presença de Deus nos basta. Não precisamos apenas sentir. Precisamos compartilhar. É hora de alcançarmos um novo nível e sabermos a razão para a qual Deus nos está capacitando. Mas uma coisa é certa: seja lá qual for este motivo, tem tudo a ver com vidas que Deus deseja resgatar do inferno.

Deus abençoe a todos!